Alguns historiadores são unânimes em afirmar que a origem da tecelagem se deu no instante em que o homem sentiu necessidade de se “proteger” do frio (Gn3.8-10-21). Vários são os relatos bíblicos (2 Rs 23.7) a este respeito e há alguns documentos antigos do período babilônico espalhados por vários museus do mundo. A figura abaixo representa tecelões egípcios trabalhando. By Caritá pág 62
O homem primitivo não possuía a variação de instrumentos que usamos nos dias atuais. Alguns arqueólogos e historiadores encontraram registro de utensílios antigos usados para a feitura de tecidos como agulhas de bambu, madeira e ossos de animais e humanos para tecelagem como as bobinas (falanges - ossos da mão) usadas para macramé e renda de bilros.
Os primeiros fragmentos de tecido datam de 6.500 a.C. e foram encontrados em Nehal Hemar , uma caverna do deserto jordaniana , em Israel, Com o decorrer dos séculos o tecido se diversificou tornando-se industrial (manufatura), hoje classificamos a tecelagem em industrial (feitos a maquina) e artesanal (feitos a mão).
A renda, portanto é classificada como “tecido á mão” e é a formação básica da tecelagem.
Mais recentemente (século XVI) duas regiões reivindicaram a paternidade do que hoje classificamos como renda: a Itália (Veneza) e a Bélgica (Flanders). Ambas possuem razoáveis evidências para tal em cujas regiões a renda surgiu em períodos semelhantes o que as diferencia é o padrão de seus desenhos.
Na Bélgica a renda possuía como características tranças ornamentais, fitas e galões de seda, linha de metal precioso (ouro e prata), em sua maioria denominada Passamentiers, atualmente predominam as flores, conhecidas como flores de Bruges, pois sua origem é a cidade de Brugges.
O laço de bobina ou de fuselli chegou à Itália, provavelmente por volta de 1400 através da Grécia ou da Ásia Menor e se espalhou pelas cidades de Milão, Genova, Veneza, Offida, Pallestrina, Chioggia e em cada cidade obteve característica própria. Era símbolo de riqueza e poder. Vale lembrar que na Idade Média a renda era de uso exclusivo do Papado e da realeza. No decorrer dos séculos a renda se espalhou em todas as direções.
Em 1500 chega ao Brasil pelas mãos das senhoras portuguesas. Embora não haja registro do inicio nem das características da renda, acredita-se que sua característica é açoriana, e tem no nordeste sua filiação mais direta, já no sul sofreu a influencia da renda
As antigas correntes classistas e pré românticas determinaram um padrão estético para o vestuário que mesmo ditando tendência especifica para cada estação se repete ano a pós ano e com isso a renda vai e volta segundo a “tendência da moda”.
Nesta trajetória podemos observar a importância do vestuário como referencial do emocional humano, o indumento e suas metamorfoses são o espelho da alma humana. Através do que vestimos deixamos transparecer nossas tristezas e alegrias.
Em momentos de alegrias nos cobrimos de rendas e brocados coloridos e quente, quando estamos tristes nos cobrimos com cores neutras ou frias e em ocasiões especiais cobrimos a cabeça com um véu feito especialmente para esta ocasião a “renda de tule”.
Não importando a ocasiões a renda estará sempre presente, na sala, no quarto, na cozinha ou vestuário quer seja nas cores quentes transmitindo alegria ou nas cores frias transmitindo tristeza.
A tecelagem é o elemento fundamental no vestuário, eminentemente bem adaptada em arquétipos visuais baseados em esquema trapista sobre o aspecto de mantas, túnicas e togas do passado historicamente registrado pela Igreja Universal Romana, que (Quem sabe??) pediu emprestado esta tão bela arte a deusa Minerva ou a jovem Aracne, verdade é que a renda é “bem da humanidade” ou “bem público” e cabe a nós rendeiras o privilegiado oficio de transmiti-la como uma tradição de mãe para filha(o).
Desde sua criação a tecelagem se diversificou e hoje tecnologicamente aprimorada afastou-se das salas de visita de nossas residências, no entanto quando feitas por mãos delicadas e habilidosas tomam forma e beleza inimaginável.
Classificamos como renda todo material resultante do trançado de fio (de algodão, seda, linho, ouro e prata) executada em diversas técnicas como :
1 – Renda de agulha;
> De uma agulha – renda de agulha propriamente dita ou ponto no ar, renda file, renda turca , crochê, renda romana, renda renascença, renda de labirinto, frivolité, crochê tunisiano, crochê irlandês, etc.
> Mais de uma agulha – tricô.
> De grampo – crochê de grampo.
2 – Renda de bobinas – renda de bilros e macramé,
3 – Renda de bastidores – Nandut, tear de diferentes formatos.
4 – Renda de navetes – Frivolité e macramé, etc.
Embora haja uma grande variedade de tipos de rendas podemos classificar a renda em duas classes, renda antiga ou “clássica” com técnica própria concernente a cada região de origem da mesma, e renda “contemporânea” que permite tanto uma maior flexibilidade e maleabilidade temática quanto técnica.
Na realidade não importa o meio utilizado para a realização da renda o importante é que seu acabamento final seja delicado e agradável.
A renda pode ser usada tanto na decoração de peças de cama, mesa, banho e vestuário como na composição de pinturas em telas e esculturas.
Não há limite etário ou cognitivo para o aprendizado da renda. O exercício da sua feitura desenvolve a atenção, a memória, a elaboração de hipóteses e soluções de problemas, a organização de pensamento, melhora as relações sociais, emocionais, pode ser uma fonte inesgotável de prazer (ant estressante) e por fim auxilia no orçamento doméstico de muitas famílias carentes.
A propagação da renda depende única e exclusivamente das próprias rendeiras por não haver incentivo governamental para o ensino e poucas entidades filantrópicas que se ocupem com o ensino desta arte.
O objetivo desta oficina é divulgar um pouco da história e a técnica do laço primitivo que deu origem ao que hoje conhecemos como renda
Renda Brasileira
A verdadeira renda brasileira é a renda nanduti, trabalho dos índios brasileiros e paraguaios. Nandut significa raios do sol.